Operação de empilhadeiras: como reduzir acidentes e fortalecer a segurança no trabalho

Em 2023, o Brasil registrou mais de 732 mil acidentes de trabalho*, de acordo com a Previdência Social, sendo que a operação de empilhadeiras apresenta um número relevante de Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs), reforçando a importância de medidas preventivas para garantir a segurança dos trabalhadores.

Neste post, você vai entender quais são os principais problemas, porque o treinamento para operadores de empilhadeira faz tanta diferença e como novas tecnologias se tornam importantes ferramentas para fortalecer a cultura de prevenção de acidentes.  Acompanhe!

O que pode acontecer quando a gestão de risco falha?

Março de 2025, Rio Grande do Sul. Uma simples ida ao supermercado se transformou em  estatísticas que poderiam ser evitadas: uma cliente ficou gravemente ferida após uma carga de 1,6 tonelada de caixas de leite condensado cair sobre ela. O fato aconteceu porque a empilhadeira tombou enquanto movimentava um pallet a uma altura muito acima do recomendado para o equipamento.

O relatório do Ministério do Trabalho apontou várias falhas: falta de dispositivos limitadores de carga e altura, operador sem capacitação periódica, programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) incompleto e sem identificação de perigos, ausência de procedimentos de segurança claros e até mesmo a inexistência da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). **

Quando a falta de cultura de segurança custa uma vida

Em outubro de 2024, um operador de empilhadeira perdeu a vida em Santa Rita do Passa Quatro (SP) depois que o equipamento tombou sobre ele. O trabalhador perdeu o controle da máquina, foi atingido e não resistiu aos ferimentos, apesar do socorro.***

Nesse caso, assim como o de Canoas (RS), fica muito evidente que falhas operacionais, treinamento insuficient, manutenção inadequada e procedimentos de segurança mal aplicados podem transformar uma tarefa rotineira em tragédia, gerando não só riscos às pessoas e operadores, mas também prejuízos financeiros, danos à reputação da empresa e impactos profundos nas famílias envolvidas.

Quais os acidentes mais comuns na operação de empilhadeiras?

A operação de empilhadeiras continua sendo uma das atividades com maior potencial de acidentes graves quando não há controle de riscos. De acordo com dados da OSHA (Occupational Safety and Health Administration, Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA), acidentes com empilhadeiras apresentam taxas alarmantes. Veja alguns números a seguir:

O tombamento está no topo de registros, respondendo por 26% dos casos.

Esse tipo de acidente ocorre principalmente quando:

  • O operador transporta carga acima da capacidade nominal da empilhadeira.
  • O mastro é elevado enquanto o equipamento se desloca, o que altera o centro de gravidade.
  • O veículo faz curvas fechadas em velocidade ou circula em rampas íngremes ou pisos irregulares.
  • Há buracos, obstáculos ou mudanças bruscas de direção.

Medidas Preventivas

  • Sempre respeitar limites de peso e altura.
  • Manter velocidade reduzida em curvas e rampas.
  • Não parar, virar ou mudar de direção de repente.
  • Utilizar cintos de segurança e estruturas de proteção (ROPS/FOPS).
  • Treinar operadores para reconhecer sinais de instabilidade.
  • Evitar solavancos, furos, materiais soltos e tomar cuidado extra quando o chão estiver escorregadio.
  • Não dirigir sobre objetos como pedaços de madeira espalhados no chão, pois isso pode fazer com que a carga se mova ou o controle do equipamento possa ser perdido.

Em seguida, vem os atropelamentos, com 18% dos casos, e costumam acontecer quando:

  • Falta sinalização e a comunicação é ineficiente.
  • Trabalhadores distraídos cruzam a rota da empilhadeira.
  • O operador não tem visão total do trajeto por causa da carga.
  • Há ausência de rotas separadas para pedestres.

Como prevenir:

  • Sempre olhar na direção do percurso, com atenção para o que está acontecendo nas áreas circundantes.
  • Delimitar faixas exclusivas para pedestres.
  • Utilizar sinalização de solo, placas e barreiras físicas.
  • Garantir que a buzina e o alarme de ré estejam funcionando e usá-las quando estiver nas proximidades de cantos, saídas, entradas, escadas, portas, passarelas para pedestres e nas proximidades de outros funcionários.
  • Implementar rotinas de comunicação visual e auditiva entre operadores e equipe.
  • Transportar a carga perto do chão para facilitar a visibilidade.
  • Operar o equipamento em marcha à ré quando a carga restringir a visibilidade, exceto ao subir rampas.
  • Se a visibilidade permanecer obstruída, parar e confirmar se é seguro prosseguir. Nestas circunstâncias, pode ser necessário um vigia ou ajudante.

Já a queda de carga, totaliza 14% dos casos, podendo ocorrer quando:

  • As cargas estão mal acondicionadas.
  • Os paletes estão danificados.
  • As empilhadeiras operam com peso superior ao que foram projetadas para suportar.

Medidas para evitá-las:

  • Deslocar com a carga inclinada para trás e os garfos o mais baixo possível, pois isso aumentará a estabilidade do equipamento.
  • Nunca trafegar com os garfos levantados acima do chão ou girar com os garfos em uma posição elevada ou inclinados para frente.
  • Atenção às obstruções aéreas ao levantar, baixar ou empilhar cargas.
  • Conferir sempre a estabilidade da carga antes de mover.
  • Utilizar acessórios adequados para diferentes tipos de carga.
  • Manter paletes em bom estado e evitar improvisos.
  • Usar cordas ou amarras para fixar cargas, se necessário.
  • Treinar operadores para operar o mastro e a elevação com cuidado.

Por que o treinamento inadequado aumenta os acidentes com empilhadeiras?

Como já destacamos, os treinamentos são um dos alicerces na prevenção de acidentes. Mas ainda existe um grande desafio: a própria formação e reciclagem dos operadores, que por vezes acabam se tornando um fator de risco adicional em vez de solução. 

Muitos cursos não acompanham as demandas reais do mercado, deixando operadores despreparados para situações de risco no dia a dia. Ademais, a ausência de formação contínua faz com que a maioria dos profissionais receba treinamento apenas no momento da contratação, mas não passe por reciclagens periódicas.

Um ponto preocupante é a falta de padronização dos conteúdos: há grande variação na carga horária, nos métodos e na profundidade do que é ensinado, resultando em operadores com níveis de preparo muito diferentes dentro de uma mesma empresa ou setor. E não bastasse, não é raro que a etapa prática seja feita em máquinas diferentes das utilizadas na rotina, prejudicando a adaptação real.

Outro fator a considerar são as avaliações de desempenho que, por vezes, não são individualizadas, sem atenção aos pontos de maior dificuldade de cada operador. E mesmo quando se identifica a necessidade de reciclagem, faltam estratégias para corrigir vícios operacionais específicos. 

Soluções comprovadas: boas práticas que funcionam

Treinamentos contínuos e estruturados

É indispensável implementar programas de formação e reciclagem periódica, alinhados a alterações no layout, processos produtivos, tecnologias incorporadas e potenciais riscos emergentes. Essa abordagem contínua amplia a competência técnica, mitiga vícios operacionais e fortalece a cultura de prevenção. Normas como a NR 11 (Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais) e a ABNT NBR 16062:2012 reforçam a necessidade de qualificação específica para operadores de empilhadeiras, incluindo atualização e prática em máquinas compatíveis com a realidade de trabalho.

Padronização de procedimentos operacionais

A padronização vai muito além de documentos formais: envolve a construção de checklists de verificação, manuais operacionais detalhados, rotinas de inspeção, sinalizações claras e regras de circulação rigorosas. Esses instrumentos asseguram que todos os colaboradores atuem de forma alinhada, minimizam a margem para improvisos e reforçam a disciplina operacional, fatores decisivos para reduzir a probabilidade de falhas humanas. Referências como a NR 12 (Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos) também orientam boas práticas para proteção de operadores em diferentes contextos industriais.

Uso estratégico de tecnologias de apoio

Ferramentas como simuladores realistas, plataformas de treinamento virtual, realidade aumentada e aplicativos interativos são recursos valiosos para criar experiências de aprendizagem seguras e dinâmicas. Por meio delas, operadores podem praticar situações críticas sem exposição a riscos reais, corrigir vícios de operação, receber feedback individualizado em tempo real e consolidar o aprendizado. 

Impacto direto

Estudos citados pela OSHA corroboram que o comportamento do operador é determinante para a segurança na operação de empilhadeiras. Por isso, investir em treinamentos estruturados e gestão de riscos pode resultar em uma redução de até 70% nos acidentes, maior produtividade e menos custos com perdas e manutenção.

Implementar programas de reciclagem, ferramentas de monitoramento de desempenho e soluções inovadoras, como o YDI (Younder Direção Inteligente), deve fazer parte da estratégia de qualquer organização que leve a sério a segurança e o bem-estar de seus colaboradores e demais envolvidos no processo.

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Fontes:  

* Número de acidentes de trabalho

** Acidente com empilhadeira RS

*** Acidente com empilhadeira Santa Rosa

Dicas para operação segura de empilhadeira